CONFIRA OS PRINCIPAIS DESTAQUES DO LONDON DESIGN FESTIVAL 2018

Escrevo ainda inebriada pela atmosfera da London Design Festival 2018. Londres é uma cidade que envolve democraticamente tudo e todos, mesmo na atual luta com o brexit. Edificações antigas e novas estão perfeitamente integradas a ponto de serem todas ícones representativos da cidade contemporânea. Juntas alinhavam de forma incrível uma narrativa sobre a passagem dos séculos. Não importa para que lado se olhe, em seu skyline simultaneamente podemos enxergar o antigo e o moderno, não em contraste como em outros lugares, mas conectados compondo uma cidade real, com escala humana, que convida à ocupação dos espaços públicos. Toda esta vitalidade londrina é decorrência de cenários urbanos muito bem tratados, através da conservação e manutenção meticulosas do patrimônio. Boas heranças de eventos diversos de edificações monárquicas à legados olímpicos, investimento alto e constante em infraestrutura e transporte – novas linhas de metrô e opções noturnas de ônibus estão disponíveis – permite resposta ágil a demanda por novos equipamentos comunitários acessíveis e de identidades tão heterogêneas quanto uma metrópole como Londres pode precisar.

Assim também foi o London Design Festival, uma das mais pulsantes semanas de design do mundo, que permeia toda Londres. Onde a proliferação de pequenos estúdios independentes, do design à moda, da comida à tecnologia mostra que o global está sendo gradativamente substituído pelo local, invertendo movimentos. Técnicas tradicionais vistas de novas perspectivas e usando novas tecnologias permitem resgatar a identidade de um lugar, ampliando seu senso humano e comunitário.

COMO FOI O LONDON DESIGN FESTIVAL?
Entre os principais eventos da London Design Festival 2018, à oeste da cidade, a mostra 100% Design, se mostrou dinâmica. Apresentada num formato mais objetivo que o Salone de Milão, mais organizada que ICCF em Nova York e mais completa que a High Design em São Paulo, conquistou também pelo capricho dos expositores ao mostrar seus produtos. Na feira até os pontos de venda de comida são charmosos! Super importante numa feira de Design e ignorado em tantos eventos pelo mundo. Entre as marcas e produtos apresentados destacamos os painéis de cimento da Concrete LCDA, que representam a tendência para o acabamento com aparência de inacabado. E os diversos produtos com textura oxidada, desde espelhos, ferragens até luminárias e móveis.

Na London Design Biennale apresentada na Somerset House, de forma muito simples a instalação de Israel, nos mostra a importância de termos sempre flexibilidade em nossas ideias. Cada vez mais nosso trabalho será “working in progress” e o que fizemos de manhã pode precisar ser diferente à tarde. Precisamos transitar pelo mundo, analisar as demandas atuais e apresentar novas opções a cada momento. Os USA demonstraram a interação entre humanos e máquinas, envolvendo emoções, advento que já está presente nas nossas rotinas. Evidencio ainda a Alemanhã, que trouxe uma série se produtos feitos a partir de itens que seriam descartados por estarem quebrados, velhos ou fora de moda. O design imperfeito destes produtos mostra de forma leve e criativa que não precisamos prosseguir numa busca sem fim pela perfeição, que causa insatisfação e desperdício.

London Biennale (12) London Biennale (4)
Na nova sede do Design Museum, inaugurado há quase 2 anos em Kensington, a exposição Beazley Designs of the Year 2018 elenca trabalhos interdisciplinares realizados nos últimos 12 meses em arquitetura, moda, tecnologia, transporte e design gráfico e do produto. O conjunto exposto constitui uma reflexão sobre como podemos pensar hoje nossas ações e transformar nosso meio para um futuro melhor. Seja produzindo naturais como o couro, de forma sintética, através do colágeno, ou nos propondo novos questionamentos: Como podemos comprar produtos sem gordura, açúcar ou glúten e ainda não temos setores de produtos sem plástico nas lojas e supermercados? Questão esta ampliada e reverberada em outros pontos da cidade: Em Knightsbridge a exposição intitulada Guilty-free, indaga sobre o quanto, em cada compra que fazemos, estamos causando de danos ambientais, sofrimento humano ou animal? E em Kings Cross a Plasticene apresenta itens produzidos a partir de 28 tipos diferentes de plástico, reutilizados ou reciclados.

No Victoria and Albert Museum, a exposição The Onions Farm reflete sobre o uso de agrotóxicos.

Na Japan House a delicada exposição Biology of Metal: Metal Craftsmanship In Tsubame-Sanjo justapõe tradição e modernidade, e indica um caminho a ser traçado visando o futuro.

Além das formas geométricas e orgânicas, sempre em alta, como nos tapetes e nas luminárias em madeira curva acima, em Londres novos contornos parecem surgir da fusão da geometria cubista e do expressionismo orgânico, questionando os formatos clássicos e resultando em padrões quase esculturais, como no mobiliário que mistura resina, pedra e metal apresentado na Carpenters Gallery.

Andando mais um pouco pela cidade, percebemos claramente que ociosidade está em desuso por aqui. Do alto do Sky Garden, de onde pode-se ver praticamente toda Londres, fica ainda mais óbvia a intensa densidade urbana. Numa volta por Islington nos damos conta que mesmo as marcas italianas transformaram seus show rooms de móveis corporativos em coworking. No metro somos bombardeados por marketing de aplicativos que compartilham de carros à cachorros, e são usados por grande parte da população.

E cada vez mais andar pela cidade plana, seus mercado e feiras continua sendo um convite irresistível.

Assim, não só os eventos da London Design Festval, mas toda a cidade se revela uma ótima oportunidade para alimentar a mente: novidades, cultura um olhar filosófico e ao mesmo tempo pragmático em relação ao futuro, às relações humanas, ao trabalho e ao consumo, a função e com certeza à beleza. Como sugere a Instalação: Please Feed the Lions na Trafalgar Square, Londres satisfez quem foi ao London Design Festival com fome de criatividade, novidades, tradição e cultura.

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