Mudanças já corriqueiras no comportamento dos millenials, pessoas entre 20 e 30 anos, como utilizar aplicativos para compartilhar estadias, carros, e outras mais difundidas, inclusive entre os mais velhos, como compras na internet e armazenagem de conteúdo na nuvem, revelam muito sobre o que ainda está por vir e modificar o modo como vivemos. Transformações comportamentais não ocorrem de uma hora para outra, são reflexos de pequenas e constantes alterações que aos poucos alteram nossa rotina e o modo como enxergamos nosso entorno. Essa troca gradativa de ferramentas muda os filtros e lentes que usamos para ver o mundo ao nosso redor. Assim evoluímos e cada geração formata novos conceitos. Ao invés de seguirmos fazendo o que foi feito paramos e questionamos: Isto é bom para mim e para os demais?
Porque vou comprar uma casa aqui se amanhã posso querer morar em outro lugar?
No Brasil os passos nesta direção ainda são seguidos por poucos, conhecidos como early adopters, mas tende a crescer. Como muitos bens ainda constituem sonhos distantes, no perfil brasileiro a casa e também o carro próprios continuam sendo sinônimo de conquista para os boomers, nascidos entre as décadas de 50 e 70, e o bens também é difícil de ser aceito pelas pessoas mais idosas. Para quem esta nesta faixa etária e quer desapegar destes bens, diferentemente dos mais novos, muitas vezes é preciso algo além de já tê-los tido ou perceber sua ociosidade.
Este pensamento tem se replicado para outros bens chamados de consumo, mas que muitas vezes não eram usados ou também geravam engessamento, como uma segunda casa, um barco ou até uma bicicleta. Hoje pessoas jovens, além de nunca terem tido um carro, não querem ter um imóvel. Isto as poderia fazer criar raízes num único local. Ao invés disso podem alugar um lugar para morar onde querem viver em cada determinado momento da vida. E isto não significa morar sem conforto.
Co-living: Uma nova maneira de (Con)Viver
A tendência de maior participação na locação para moradias do que compra está gerando novas demandas. Espaços renovados, bem equipados e decorados vão concorrer com outros e vão deixar clara esta necessidade de prover bem-estar aos novos inquilinos. Formatos como o co-living são uma aposta do mercado imobiliário para a integração de diferentes perfis de pessoas. Estudantes, a maioria da novíssima geração z, não querem mais morar nas antigas repúblicas e idosos podem escolher uma moradia melhor que um asilo. Novas propostas estão surgindo para estes e outros públicos e entre os benefícios da divisão de custos e deveres estão: senso de comunidade, maior empatia (se colocar no lugar do outro), espaços multigeracionais e muita flexibilidade.
Famílias diminuindo, pessoas envelhecendo – de forma cada vez mais saudável – adotando animais, cultivando plantas, bons hábitos alimentares e se movimentando mais pelo planeta geram mudanças na forma como consumimos: desde água até imóveis. Não queremos mais ir sempre para os mesmos lugares nas férias ou passar a vida no mesmo local ou ainda trabalhando na mesma empresa e sim conhecer novos destinos, criar novas oportunidades, vivenciar outras realidades. De uma certa maneira voltamos a ser nômades. E, ao mesmo tempo que as novas gerações iniciaram movimentos contrários aos que marcaram o século XX, como a globalização, hoje há uma tendência de se voltar para o local, mesmo que este lugar seja temporário. Vale retornar ao campo, ganhar menos para dispor mais tempo de lazer e até a reinstituir a troca como moeda, o que nos leva à valorizar um estilo de vida mais simples.
Como isto se reflete na arquitetura e nos interiores dos espaços? Estamos preparados para suprir a demanda destes projetos?
Novas construções precisarão estimular a convivência agradável nos ambientes comunitários e privados. Permitir fazer comida ou assar um pão com os vizinhos, passear com os cachorros de desconhecidos, dar ou tomar aulas particulares e compartilhar bicicletas ou veículos elétricos estão entre as crescentes possibilidades. A gestão dos serviços nestes espaços será um desafio dinâmico. Mas a tendência é termos ambientes mais aconchegantes e pessoas mais felizes e confiantes.
O espírito converge para o ênfase continuo nas pessoas e nos relacionamentos. Com o global se tornando cada vez mais local e o mundo ficando menor através do alcance da tecnologia, o mesmo acontece com o morar. Mobilidade, espaços menores, reuso da água, automatização, mais densidade e maior convivência nos espaços urbanos , menor ociosidade e maior conexão, nos colocam como seres mais consciente da relação ter x usar. O que já permite que o morar também configure como experiência, assim como um jantar ou uma viagem.
Devemos prestar atenção às transformações que estão acontecendo agora e reconhecer nelas as características do nosso futuro imediato.
A dualidade individualidade x compartilhamento de espaços está criando uma nova forma de valorização da personalização, mesmo que em pequena escala. Um móvel de família; poucos itens mas escolhidos pessoalmente e que tenham qualidade para durar; um luxo singular, que é uma escolha totalmente individual e não mais está ligado a objetos caros e marcas de renomes globais, mas sim a preferências e escolhas pessoais, que não obstante onde estejamos e cercados por quem, nos serão referências de quem somos e o que realmente importa a cada um de nós.
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